O centro de documentação histórico sobre o campo de concentração do Tarrafal, no norte da ilha cabo-verdiana de Santiago, está pronto a ser instalado em Cabo Verde, disse hoje à agência Lusa um responsável da Fundação Mário Soares.
Alfredo Caldeira, que participa no Tarrafal de Santiago nos trabalhos da primeira conferência internacional "Rota dos Presídios no Mundo Lusófono", indicou que o centro vai ser instalado em breve no próprio campo e também no Arquivo Histórico Nacional de Cabo Verde e que estará disponível também na Internet.
"Junta documentos de Cabo Verde, Guiné-Bissau e Portugal. Não esgota tudo, mas são cerca de 700 a 800 documentos fundamentais, como milhares de páginas e de fotografias. A nossa ideia é que, ao tornar acessível esse centro de documentação histórico, também possam aparecer outras memórias", afirmou.
Alfredo Caldeira, que em abril de 2009 comissariou, no mesmo local, o simpósio internacional sobre o também conhecido como o "campo da morte lenta", salientou a importância de se criar o repositório, para que se possa resgatar a memória do que foi a criação dos campos de concentração portugueses nas antigas colónias em África.
"A Fundação Mário Soares tem tentado sempre, ao longo dos anos, preservar esta memória. Quando foi o simpósio, fez-se a exposição, ainda patente, sobre o Campo do Tarrafal, que foi o resultado de uma investigação histórica bastante avançada em relação ao que se conhecia do campo", lembrou.
O responsável da FMS realçou, por exemplo, os despachos de António Oliveira Salazar, datado de 1935, em que determinou a construção do campo, e do então ministro das Colónias, Adriano Moreira, de 1961, a ordenar a reabertura do campo.